Breve História do Vidro:
Segundo Plínio, historiador e escritor romano, a descoberta do vidro terá sido feita acidentalmente por mercadores Fenícios, nas margens do rio Belus, na Síria.
Dali, os Fenícios a teriam espalhado para o Oriente até à India, e para o Ocidente pelas costas do Mediterrâneo.
O vidro puro mais antigo é de um amuleto do ano 7.000 Antes de Cristo.
A primeira indústria vidreira realizada pelo homem parece ter sido na Síria, 6.000 anos Antes de Cristo.
Nos túmulos dos Faraós e nas ruínas de Pompeia, encontraram-se vidraças e objetos de vidro polido.
Desde o ano de 1550 Antes de Cristo, até ao começo da era cristã, o Egipto conservou o primeiro lugar na indústria do vidro, que foi gradualmente centralizada em Alexandria, donde se diz que os mercadores fenícios a levaram a todos os mercados do Mediterrâneo.
Os romanos espalharam a indústria do vidro por todos os países que conquistaram. Quando se deu a invasão dos bárbaros, esta indústria esteve em risco de desaparecer, e teria desaparecido se não fora a previdência do Imperador Constantino Magno. Este, ao mudar a capital para Bizâncio. (hoje Istambul),levou no seu séquito exímios artistas do vidro.
Consta que os romanos, quando invadiram o Egipto, no tempo de Júlio César, estabeleceram como imposto de guerra o fornecimento de artefactos de vidraria, tal era a importância que davam a esses produtos. Posteriormente, devido ao contacto com os Egípcios, a arte de trabalhar o vidro transportou-se para a metrópole romana, e os romanos tornaram-se rapidamente hábeis artistas. Chegaram a conhecer os mais adiantados processos de decoração. Fabricavam objetos de luxo, nos quais em breve excederam o Egipto.
Os povos do Próximo Oriente usufruíram bastante tempo a primazia da indústria vidreira, de que o Imperador Teodorico, foi um grande protetor, até que esta veio a concentrar-se em Veneza. No século XIII, Veneza possuía um tão grande número de fábricas, que houve conveniência em transferi-las para a Ilha de Murano, com o sentido de preservar a cidade do perigo de incêndio. Os vidreiros eram cuidadosamente vigiados para impedir a emigração e a revelação dos segredos vidreiros. Foram-lhes, por outro lado concedidos grandes privilégios. Apesar daquela vigilância, alguns vidreiros venezianos conseguiram emigrar e deram desenvolvimento a indústria alemã em período nascente.
Enquanto os melhores trabalhos de Veneza eram representados pelas filigranas, os dos Alemães eram constituídos por pecas esmaltadas em relevo, nas quais sobressaiam os brasões e diversas figuras alegóricas. Logo a seguir a Alemanha, distinguiu-se a Checoslováquia (Boémia) que se salientou nos vidros e cristais gravados e lapidados cuja descoberta, segundo Luis Figuier, se deve a Gaspar Lehman, a quem o Imperador Rudolfo II concedeu o título de gravador real.
Os checoslovacos foram e são ainda hoje grandes técnicos e artistas do vidro.
Na Franca, a indústria existia já do tempo em que os romanos conquistaram as Gálias, mas a partir do século XIII tornou-se notável.
Vem a seguir a Inglaterra, que dizem ter recebido o influxo da Franca, pela sua proximidade.
A Bélgica salientou-se também na indústria do vidro e na fabricação de cristais.
A Suécia tornou-se inimitável na gravura sobre o vidro, apresentando no mercado mundial verdadeiras obras-primas.
No nosso Pais, a indústria vidreira é considerada uma Indústria tradicional. Não se conhece com precisão a data em que pela primeira vez se teria fabricado vidro em Portugal. Admite-se, porém que remonta à das invasões romanas e árabes Só a partir do século XV se encontram dados exatos sobre a sua estabilização, que nos permitem concluir que a primeira fábrica de vidros de que há memória já estava estabelecida no COVO, concelho de Oliveira de Azeméis, antes de 1484.
Diz Pinho Leal:
“A primeira fábrica de vidros que houve em Portugal foi a do Covo, na freguesia de S. Pedro de Vila Chã, concelho de Oliveira de Azeméis. Não achei dados que certifiquem o ano da sua fundação, apenas consta que já existia em 1484, pois que então o Rei D. João ordenou por uma provisão que em Portugal se não pudesse estabelecer outra fábrica de vidros, sem consentimento e autorização de Diogo Fernandes, dono desta fábrica”
Extrato do Alvará de 22-XI-1796, concedido a Fabrica do Covo:
“Eu a Rainha. Faco saber aos que este meu alvará virem, que na minha real prezença se verificou ser a Fabrica de Vidros estabelecida na Quinta do Covo do termo da Villa da Feira, huma das mais antigas das Hespanhas, e a primeira destes Reynos que ha muitos séculos existe no Dominio dos Possuidores que cuidadozamente a tem sustentado, e promovido a custa de muitas despezas, e fadigas, e que Ignacio de Castro Lemos e Menezes, sucessor tanto nos bens da Corôa, e Ordens, que adquirirão os seus proprietários, como nos Vínculos que estes instituirão atualmente possui como hum dos mesmos Vínculos a dita Fabrica em cuja conservação e argumento louvável se emprega com utilidade publica em cuja consideração, e as mais que me foi prezente em Consulta da Real Junta do Comércio.
Agricultura, Fabrica e Navegação destes Reynos e como o fizeram em todos os tempos, os Senhores Reys meus Augustos Predecessores conformando-Me com o parecer do referido Tribunal. Hey por bem tomar por baixo da Minha Real Protecção a sobredita Fabrica de Vidros do Covo, concedendo-lhe como por este lhe concede os Privilégios, Izempçõens e liberdades”
No último quartel do século XV, a fábrica do COVO (Oliveira de Azeméis), era o núcleo de importantes atividades produtoras, levando a todos os pontos do País artigos de vidro de grande perfeição e utilidade.
Desta região partiram mais tarde muitos artífices de mérito, que foram impulsionar a indústria de vidros da Marinha Grande.
O atual Centro Vidreiro do Norte de Portugal, S.A., em Oliveira de Azeméis, a 2. Km, do COVO, é o continuador daquela fábrica do COVO.
O Centro Vidreiro foi o introdutor, em Portugal, no ano de 1928, do fabrico mecânico de frascaria para perfumes e embalagens farmacêuticas.
A estiragem de tubo por sistema mecânico, foi introduzido em Portugal pelo Centro Vidreiro, em 1947, de modo a consentir-lhe uma produção suficiente para abastecer inteiramente o mercado nacional e com margem para exportação.
Notas técnicas acerca da fabricação do vidro:
Num documento quinhentista, regista-se que em Portugal se usou como fundente uma erva, a barrilha, dita macaçote, proveniente das costas do Algarve, da Madeira e dos Açores, para a arte dos vidreiros (1459) e que dela se fazia a extração da Potassa.
O vidro é um composto químico, cujas bases assentam na fusão duma mistura de sílica soda e calcário. Durante a fusão, liberta-se anidrido carbónico e formar-se um composto de silicatos de sódio e cálcio.
O carbonato de soda é o fundente mais utilizado em vidros correntes. Para vidros de melhor ou de outras qualidades, usam-se outros fundentes, como a potassa, a barita o boro e o chumbo.
Fornos:
No Centro Vidreiro, existem duas espécies de fornos: contínuos e intermitentes. Os primeiros são formados por dois tanques ligados entre si: um serve para a fusão das matérias-primas e o outro para a afinação e extração da massa. Estes fornos são de produção contínua. Os segundos comportam um número determinado de cadinhos. Nos quais é realizada a fusão. Estes são de produção intermitente, visto ter de haver um tempo de extração, outro de fusão e afinação
Trabalho:
O vidro sai do forno sob a forma duma massa viscosa, tendo de ser trabalhado enquanto quente. A sua moldação faz-se por meio de compressão ou de sopro, por processos manuais, mecânicos e automáticos. Seguidamente, é recozido num forno, arrefecendo depois lentamente.
Decoração:
Existem vários processos na decoração do vidro, dos quais salientamos a foscagem ou despolimento, a gravação a pintura e a lapidação. O primeiro consiste no despolimento por jato de areia fina; o segundo na corrosão por meio de ácido fluorídrico. Na pintura são usadas tintas vitrificáveis, as quais, quando submetidas a uma temperatura entre 500 e 600º., fundem formando corpo único com o vidro.
O Museu: